Milhares contestam<br>investidura do PP
O conservador Mariano Rajoy do Partido Popular conseguiu ser investido como presidente do governo de Espanha, com 170 votos a favor, 11 contra e 68 abstenções.
Direita volta ao poder em minoria
Na segunda votação, realizada dia 29, Rajoy precisava apenas de uma maioria simples, e obteve-a graças à abstenção do grosso do Partido Socialista Operário Espanhol.
Para além do apoio dos 137 deputados da sua bancada, Rajoy teve ainda o voto favorável do partido Cidadãos (32) e da Coligação Canária (1).
Contra a investidura votaram os deputados eleitos nas listas da coligação Unidos Podemos e todos os restantes partidos regionais, nacionalistas e independentistas, aos quais se somaram 15 deputados do PSOE, que quebraram a disciplina de voto, recusando a abstenção.
O candidato de direita vai agora governar apoiado por uma minoria no Congresso dos Deputados, ficando assim dependente dos votos do Cidadãos e principalmente do PSOE.
António Hernando, chefe do grupo parlamentar do PSOE, avisou Mariano Rajoy de que os deputados da sua bancada irão «vigiar cada passo» que este der e que só irão «aprovar iniciativas» que considerem necessárias.
Antes da votação, o ex-líder do PSOE, Pedro Sánchez, renunciou ao lugar de deputado para não ter de cumprir a disciplina de voto e abster-se na votação.
A reviravolta na posição do PSOE foi alvo de severas críticas por parte dos partidos da coligação Unidos Podemos que prometem fazer uma oposição firme a Rajoy. Note-se que desde as eleições 20 de Dezembro de 2015 o PSOE votou sempre contra a investidura de Rajoy, sem no entanto procurar os necessários apoios à esquerda para constituir um governo alternativo.
Oposição na rua
Contra a investidura do PP, milhares de pessoas estiveram concentradas frente ao parlamento e na simbólica praça Porta do Sol, palco de persistentes protestos nos últimos anos contra as políticas de austeridade.
Aos manifestantes juntaram-se deputados do Podemos e da Esquerda Unida, designadamente o seu líder, Alberto Garzón, antes de se dirigirem para o hemiciclo.
Cartazes com a palavra «Não» povoaram a concentração, em que também se viam dísticos com a inscrição «Não à mafia golpista» e o lema da acção «Contra o golpe da mafia, democracia. Não à investidura ilegítima».
Ouviram-se cânticos, repetindo o refrão «Não nos representam» ou «PSOE, PP, a mesma m**** é».